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Ser cristão e cristã também no tempo de eleições

A nossa identidade cristã nos obriga a participar do processo político


Dom Armando Gutiérrez

Diocese de Bacabal


Eleições Municipais 2020 | Imagem: divulgação

O mês de novembro deste ano 2020 traz uma novidade em relação aos outros anos. Por causa da pandemia acontecerão neste mês as eleições municipais. As eleições são sempre um desafio que questiona a nossa vivência cristã, pois nós cristãos/ãs somos parte integrante dos municípios, das cidades e da sociedade como um todo.


Tem muitos cristãos/ãs que afirmam que não gostam de política, que ela não presta, é suja e não querem nem saber; mas a nossa identidade cristã nos obriga a participar do processo político. Durante uma audiência em 2013, o papa Francisco foi perguntado sobre como deve ser o nosso compromisso de cristãos/ãs no tocante à sociedade e à vida política. O Santo Padre respondeu com clareza: 


“Envolver-se na política é uma obrigação para um cristão. Nós, cristãos, não podemos nos fazer de Pilatos e lavar as mãos. Não podemos! Devemos nos envolver na política, porque a política é uma das formas mais elevadas da caridade, porque ela procura o bem comum. Os leigos cristãos devem trabalhar na política. A política está muito suja, mas eu me pergunto: está suja por quê? Porque os cristãos não se envolveram nela com espírito evangélico? É uma pergunta que eu faço. É fácil dizer que a culpa é dos outros… Mas eu, o que eu faço? Isto é um dever! Trabalhar pelo bem comum é um dever do cristão”.


A política é uma das formas mais elevadas da caridade

Se não assumimos este dever de fato traímos a missão que o Senhor nos deixou. Jesus nos pede de ser sal, luz, fermento e não relegar a nossa fé à esfera privada ou ao interior dos nossos grupos ou igrejas. Como podemos ser sal, luz, fermento se não nos interessamos da situação da sociedade? Se ficamos alheios á realidade que vivemos e nos omitimos diante dos problemas, dificuldades e sofrimentos dos nossos irmãos/ãs? Se não participamos e colaboramos na promoção do bem comum?  


Trabalhar pelo bem comum é um dever do cristão


Tem outro grupo numeroso de cristãos que se sentem responsáveis de participar e contribuir nas eleições, mas que de fato, esquecem sua fé e assumem atitudes e comportamentos contrários aos valores que Jesus nos ensinou. Engajam-se na política partidária ou na defesa dum partido ou coalizão caindo na armadilha da chamada polarização, tão presente atualmente na política do nosso país. A polarização política tem dois polos opostos: “esquerda” e “direita”, cada uma acredita ter toda a verdade sobre tudo, e quem não adere, seja do partido que for, é do polo oposto, que logicamente está errado em tudo.


Esse posicionamento extremo impede qualquer tentativa de diálogo e conduz à intolerância, à violência e ao ódio. Em vez da conversa se usa a agressão, a mentira, o insulto, o deboche, a interpretação negativa...


O que identifica o cristão é a lei do amor: “Nisso se conhecerão que sois meus discípulos: se tiverdes amor uns para com os outros” (Jo 13,35);  como se pode chamar cristão uma pessoa que intende e vive o processo político desse modo tão contrário aos valores que Jesus nos ensinou?


O verdadeiro seguidor de Jesus vive também o período das eleições com as marcas distintivas do cristão: o amor sem distinções; o efetivo exercício da caridade; o reconhecimento da dignidade do outro como filho/a Deus e nosso irmão/a; o respeito às opiniões variadas e diferentes de quem também busca o bem comum; o diálogo sereno e moderado nas palavras.


Não somente na Igreja, mas, também na política, temos que agir de um modo sinodal, caminhando juntos para construir unidos, na riqueza da diversidade, o bem de todos!


Nenhuma organização política tem a verdade, nem é o único caminho certo que vai resolver todos os problemas da nossa vida. Somente Jesus é o Caminho, a Verdade e a Vida, e todos temos muito que aprender Dele!   

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