A Ressurreição de Cristo nos motiva para reafirmar que a vida venceu a morte, precisamos nos deixar ensinar pelas mulheres que vão ao túmulo de Jesus na madrugada e constata que ele não está preso numa estrutura de morte, mas a força da Ressurreição elimina os obstáculos, a pedra é removida, é madrugada o dia está amanhecendo é o alvorecer da esperança.
Somos povo de Deus, a nossa confiança no Cristo Ressuscitado deve nos encorajar para remover as pedras que impedem de viver com dignidade: o descaso para com uma educação de qualidade; a violência contra as comunidades tradicionais e povos indígenas; o machismo; o racismo estrutural; a liberação do agrotóxico lançado nas comunidades, atingindo pessoas, contaminando rios e igarapés, destruindo a casa comum, violência contra a mulher; o descaso com os conselhos de políticas públicas; os parlamentares que aprovam projeto de morte como o PL 191; as ameaças a democracia; a falta de compromisso para com a saúde do povo, são mais de 660.000 mil mortes, vítimas da pandemia, quando os especialistas em saúde afirmam que milhares de mortes poderiam ser evitadas se os cuidados necessário fossem tomados. Não cedendo espaço ao negacionismo. São essas e outras pedras que precisam ser removidas.
A nossa atitude deve ser como das mulheres, primeiras testemunhas da Ressurreição, precisamos escutar a voz de Deus “por que estais procurando entre os mortos aquele que está vivo? Ele não está aqui. Ressuscitou!” (Lc 24,5-6). Como discípulos e discípulas do Ressuscitado precisamos acreditar na força da Ressurreição e nos comprometermos com a vida humana e de toda a criação, lutando contra todo tipo de obstáculo que ameaçam o Bem Viver dos povos no campo e na cidade.
precisamos acreditar na força da Ressurreição e nos comprometermos com a vida humana e de toda a criação
No entanto é com alegria e esperança que já percebemos sinais de Ressurreição, nas resistências dos povos, nas articulações dos movimentos populares, pastorais e organismos, iniciativas de economia solidária, na luta por justiça e direito, mobilização da economia de Francisco e Clara, formação de leigos e leigas, iniciativa do Pacto pela educação, 6ª SSB, na luta por terra e território, teto e trabalho, na luta e coragem das mulheres, tudo isso aponta para o Brasil que queremos, que já está em construção.
O Evangelho de Lucas nos inspira a não ficarmos lamentando diante do túmulo, da morte, do fracasso, Mas ter presente na memória que a missão de Jesus começou numa região com grandes desafios, na Galiléia, lugar dos povos empobrecidos, rejeitados, descriminado. “Lembrai-vos de como falou quando estava na Galiléia” (Lc 24,6). É um convite para irmos as Galiléias dos tempos atuais, para sermos profetas e profetizas anunciando e testemunhando o Cristo Ressuscitado.
Que o testemunho das mulheres de ontem e de hoje nos ajudem a continuar lutando pela vida com dignidade.
O compromisso de Maria Madalena, Joana e Maria mãe de Tiago e outras mulheres, nos impulsionam a não ficarmos acomodados e chorando diante do túmulo, mas que possamos despertar para a missão. “voltaram do túmulo, anunciaram tudo isso aos Onze, e a todos os outros” (Lc 24,9). Que o testemunho das mulheres de ontem e de hoje nos ajudem a continuar lutando pela vida com dignidade.
Feliz Páscoa com as bênçãos de Deus.
Dom José Valdeci Santos Mendes
Bispo da diocese de Brejo
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