"Eu vim para que todos tenham vida e vida em abundância." (Jo, 10-10)
Por Vanalda Gomes Araújo*
Dia 12 de fevereiro, completa 18 anos, que a Irmã Dorothy Stang foi assassinada por pistoleiros, na cidade de Anapu - estado do Pará. Dorothy, era uma religiosa estadunidense, naturalizada brasileira, pertencia a Congregação Notre Dame de Namur.
Dorothy chegou ao Brasil na década de 1966, na cidade de Coroatá, estado do Maranhão, depois seguiu sua missão no Pará, mais precisamente em Anapu - Paróquia de Santa Luzia, na época, Prelazia do Xingu. Sempre esteve do lado dos mais vulneráveis, para que eles tivessem seus direitos garantidos. Ela sempre procurou ensinar os ensinamentos de Jesus Cristo e também, formar lideranças para assumir suas lutas, principalmente quando se referia a questão de proteção ambiental e produção sustentável.
Sabemos que a Amazônia, e, precisamente o Pará, é espaço de disputa, isso, faz parte do contexto histórico que vem se arrastando desde sua colonização até os dias atuais. Segundo a (CPT) - Comissão Pastoral da Terra-, no seu caderno de conflitos, a Amazônia corresponde a 97% das áreas de conflitos por terra no Brasil, nesse contexto os conflitos ocorrem pela disputa de terras, principalmente, no Estado do Pará.
Então, Dorothy, na sua vivência Amazônica, percebe que, os direitos dos trabalhadores estavam sendo negados, ela chegar aqui em terras amazônicas e inicia todo o processo de luta pela terra junto aos trabalhadores de Anapu. E muitas pessoas perguntavam se ela não tinha medo de morrer? E ela dizia o seguinte: "Não vou fugir nem abandonar a luta desses trabalhadores que estão desprotegidos no meio da floresta. Eles têm o sagrado direito a uma vida melhor, numa terra onde possam viver e produzir com dignidade sem devastar."
Dorothy, nunca teve medo de enfrentar os poderosos de Anapu, segundo uma testemunha, antes de Dorothy, receber os disparos que lhe ceifou a vida, ao ser indagada se estava armada, Irmã Dorothy, afirmou "eis a minha arma" e mostrou a Bíblia Sagrada.
Dorothy Stang, mulher, missionária apaixonada pela missão, escolheu o chão amazônico para viver junto aos trabalhadores, indígenas e mulheres que lutam para que seus direitos sejam respeitados e preservados.
Uma das preocupações de Dorothy, além de manter a floresta em pé, era a geração de emprego e renda, para que os trabalhadores pudessem extrair os recursos para sobreviverem sem agredir o meio ambiente.
Aqui, eu quero destacar a presença viva da Igreja Católica, na Amazônia, principalmente nos lugares de difícil acesso, sabemos que o espaço geográfico dificulta muitas vezes, a presença de missionários e missionárias para levar o evangelho ao povo. Mas a igreja sempre esteve presente, seja nas celebrações como: missas, celebração da palavra e catequese, na maioria das vezes na catequese.
Quase todas as pessoas com quem você conversa tem uma história para contar sobre a presença da igreja, como a Igreja foi e continua sendo fundamental na vida desse povo.
*Vanalda Gomes Araújo, formada em História e Filosofia, especialista em Educação do Campo Agricultura Familiar e Sustentabilidade na Amazônia; História Cultura Afro-Brasileira e mestranda em Dinâmicas Territoriais e Sociedade na Amazônia – PDTSA. Pesquisadora, ativista e educadora social.
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