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Ele assumiu nossas dores e nos envia

Atualizado: 14 de jun. de 2020

Dom Esmeraldo Barreto de Farias

Bispo auxiliar de São Luís



A celebração da Páscoa deste ano acontece em meio à pandemia do novo coronavírus. No Brasil, já são milhares de pessoas infectadas e o número de falecidos cresce a cada dia. Somos chamados a viver esse momento na fé, na esperança e na solidariedade.


Retomando as ações de Jesus, São Mateus afirma: “Ele assumiu as nossas dores e carregou as nossas enfermidades” (Mt 8,17). Desse modo, o evangelista apresenta Jesus como o servo sofredor que, conforme Isaías, “era o mais desprezado e abandonado de todos, o homem do sofrimento, experimentado na dor, indivíduo de quem a gente desvia o olhar (...). E a gente achava que ele era um castigado, alguém por Deus ferido e massacrado. (...) Ele, porém, estava carregando os pecados da multidão e intercedendo pelos criminosos” (Is 53,3-4.12).

Contemplando Jesus na cruz, o justo, o inocente; vemos, como nele, os sofrimentos de todo o mundo se tornaram uma realidade ainda mais forte; pois ele amou os seus que estavam no mundo e amou-os até o fim (cf. Jo 13,1). Mesmo diante do silêncio de Deus, Jesus tinha absoluta certeza de que não estava sozinho, o Pai estava com ele (cf. Jo 16,32).

Os discípulos não compreenderam o sofrimento de Jesus e o seu significado, como já havia anunciado o profeta (Is 53), em razão de esperarem um Messias glorioso. Por isso, quando Jesus foi preso, todos os discípulos abandonando-o fugiram (cf. Mc 14,50). Mas, o discípulo amado e algumas mulheres, entre elas Maria, a mãe de Jesus, o acompanharam até o calvário (cf. João 19,25-27). Não puderam evitar a morte dele, porém lhe foram sinal de solidariedade.


A ressurreição de Jesus traz para os discípulos um novo modo de ver as realidades e a vida das pessoas e de vivenciar a missão. A experiência do encontro com Jesus ressuscitado vai marcar a vida deles de tal modo que, a partir daí, assumem a mesma missão de Jesus confiantes em sua palavra: “Recebereis a força do Espírito Santo (...) e sereis minhas testemunhas até os confins da terra” (cf. At, 1,8).


Como testemunhas da vida, paixão, morte e ressurreição de Jesus aprendemos que só assume a dor do outro, quem traz no coração o amor; quem se deixa conduzir pelo Espírito de Deus a fim de que possa ver, sentir compaixão e expressar seu amor cuidando dos que sofrem (Lc 10,25-37).


Diante do sofrimento de milhares de pessoas que já foram ou estão sendo atingidas pelo novo Coronavírus em quase todos os países do mundo, sentimos nossa pequenez e também nossa perplexidade. Pessoalmente, não podemos resolver o problema, mas há responsabilidades que precisamos assumir e por elas lutar.


Aqueles que mais sofrem não são somente os atingidos pelas consequências da pandemia provocada pelo novo Coronavírus. Essa situação também nos revela a estrutura da sociedade em que vivemos: os milhares de pobres e de idosos que têm recebido pouca atenção das autoridades e também de todos nós. Basta olhar a situação da saúde nas grandes cidades, especialmente o que é oferecido nas periferias e para as periferias, onde se encontra a maioria da população brasileira.


Acalmado o ataque do novo coronavírus, milhares de pessoas que vão continuar sofrendo pela falta de um bom atendimento médico, do trabalho, de condições dignas para morar, do necessário para viver, da atenção por parte das autoridades, de alguns familiares e de todos nós.


Mas, o que aprendemos com essa pandemia destruidora? Que luzes encontramos na vida de Jesus Cristo? Que passos precisamos dar? Deus nos ilumine!


Agradecemos a Deus todas as pessoas que, movidas pela fé e pelo amor profissional, se dedicam aos cuidados tão especiais de prevenção e também da cura de tantos irmãos e irmãs. Expressemos também, de outras formas, a solidariedade necessária, pois Jesus Cristo entregou sua vida por amor. Ele é o vivente que nos acompanha, nos ilumina e nos fortalece.

Feliz Páscoa!

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