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Secom

Em nota, a articulação das Pastorais Sociais denuncia aumento dos conflitos agrários no Maranhão

A Articulação das Pastorais Sociais – REPAM do Regional Nordeste V, emitiu nota na noite do último dia 03 de novembro que denuncia a omissão e negligência do Governo do Estado do Maranhão pelo aumento dos conflitos agrários que desencadearam, nos últimos meses.


Os casos somam-se nas cidades de Junco do Maranhão, Arari, Codó e Palmeirândia, além de ameaças aos guardiões da floresta da Terra Indígena Arariboia.


Segundo dados da Comissão Pastoral da Terra (CPT), nos últimos nove anos temos 1.685 casos de conflitos agrários, estatística que torna o Maranhão um dos estados mais violentos da Amazônia Legal, perdendo apenas para o Pará.


Com a publicação desta nota a Articulação das Pastorais Sociais – Repam do Regional Nordeste 5 visa dar visibilidade a essas violências e assassinatos, no intuito de que de ações desse tipo sejam severamente investigadas e que os responsáveis sejam punidos com o rigor da lei.


Confira a nota na íntegra:


São Luís, 03 de novembro de 2021

“Nós, cristãos, não podemos nos fazer de Pilatos e

lavar as mãos, não podemos”.

(Papa Francisco)


A Articulação das Pastorais Sociais – REPAM do Regional Nordeste V, vem a público denunciar a omissão e negligência do Governo do Estado do Maranhão pelo aumento dos conflitos agrários que desencadearam, nos últimos meses, uma serie de violências no Maranhão.


Estamos vivendo, em pleno período de pandemia de Covid 19, que tem vitimado a todos, e em especial, os mais vulneráveis, uma escalada de violência no campo e na cidade que parece ilimitada. Infelizmente a violência no campo, em um curto período, já matou seis pessoas, de diferentes regiões do Maranhão. Estes ataques têm ceifado a vida de homens e mulheres e deixado famílias sem os seus entes queridos. Os casos ocorreram nas cidades de Junco do Maranhão, Arari, Codó e Palmeirândia, somando-se a ameaças aos guardiões da floresta da Terra Indígena Arariboia, proferidas por um caçador que assassinou uma onça preta. Estas terras vêm sofrendo uma onda de grilagem, enquanto aguardam demarcação, o que tem destruído o cerrado maranhense.


Em 18 junho, um casal de trabalhadores rurais, Maria da Luz Benício e Reginaldo Alves de Barros foi morto da comunidade de Vilela, no município de Junco do Maranhão; já no início de julho, o trabalhador rural Antônio Gonçalo Diniz, da comunidade de Flexeiras, município de Arari foi morto; em 11 de julho, foi alvejado e morto, José Francisco de Sousa Araújo, da comunidade de Volta da Palmeira, interior de Codó; em 15 de julho foi assassinada Rosa Maria Gomes, no interior de Palmeirândia e em 29 de outubro, foi assassinado João de Deus Moreira Rodrigues, no interior de Arari.


Segundo dados da Comissão Pastoral da Terra (CPT), nos últimos nove anos temos 1.685 casos de conflitos agrários, estatística que torna o Maranhão um dos estados mais violentos da Amazônia Legal, perdendo apenas para o Pará. Nos últimos 30 anos, temos mais de 140 assassinatos no campo maranhense, com menos de 5% destes casos tendo solução, segundo dados da Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais e Agricultores Familiares do Maranhão (FETAEMA).


Tal escalada de violência tem razões estruturais. A aposta governamental no aumento do agronegócio tem relação direta com casos de grilagem e morte no campo e o incentivo a megaprojetos, com o aumento da degradação socioambiental e a expulsão de comunidades a todo custo de seus lugares de vida. Somam-se negligências nas investigações por parte do Estado do Maranhão e instituições competentes, transformando a impunidade em verdadeiras licenças para matar. Tais ato de violência, repugnantes e cruéis, recebem o repúdio da sociedade em todas as suas esferas e desnudam as atrocidades cometidas contra os povos e comunidades tradicionais que lutam por seus territórios e vidas.


Dar visibilidade a essas violências e assassinatos, tem o intuito de que de ações desse tipo sejam severamente investigadas e que os responsáveis sejam punidos com o rigor da lei. Em breve se concluirá, oito anos de um governo de esquerda que promoveu muito mais a expansão do agronegócio, do latifúndio que se estende sobre os territórios de povos e comunidades tradicionais do que regularizar estes territórios em favor das vidas dos povos que vivem em suas comunidades. É inaceitável continuarmos vendo povos e comunidades tradicionais sendo vítimas da violência e da negligência estatal. Portanto, mais uma vez, bradamos que parem de matar os filhos da terra, e cobramos o Governo do Estado do Maranhão por esse banho de sangue.


Nos solidarizamos e nos somamos em apoio às famílias vítimas de violências. Conclamamos a todos e todas filhas e filhos de Deus que possam levantar as vozes na defesa da vida de todos os povos e comunidades tradicionais que lutam por seu Bem Viver que está enraizado em seu território.


Articulação das Pastorais Sociais-REPAM do Regional NE5 da CNBB


 

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