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Vocações na Amazônia, da lamentação à ousadia


Capa do “Documento de Santarém 50 anos: Gratidão e Profecia”. Foto: CNBB

Há poucos dias chorei de emoção, quando presidi uma celebração eucarística em Coroatá. O motivo foi que estávamos celebrando trinta anos da presença de uma comunidade religiosa na Diocese, mas todos sabíamos que também era a despedida das irmãs que iriam retornar para Alemanha. Uma das causas do retorno é a falta de vocações. Perguntava a mim mesmo, porque irmãs tão dedicadas à missão, que tem um testemunho de vida autêntico, não conseguiram ter novos membros para a congregação? Este não é um fato isolado, pois se constata em tantos lugares no Brasil e no mundo afora. É um desafio que nós como Igreja devemos levá-lo em consideração e não esperar passivamente que as congregações desapareçam e com elas muitas obras sociais que são expressões da face materna da Igreja em nossa sociedade.


Sem negar os vários fatores internos e externos na vida da Igreja e os inúmeros estudos feitos sobre a falta de vocações, gostaria de neste artigo trazer algumas contribuições que o recente Documento da Igreja Católica na Amazônia, realizado recentemente em Santarém (PA), apresenta não só para esta região, mas que servirão também para toda a Igreja espalhada no mundo inteiro.


É preciso dedicar tempo e atenção às pessoas concretas

O primeiro passo é preciso fortalecer as Comunidades Eclesiais de Base, ou como agora são chamadas, Comunidades Eclesiais Missionárias, pelos recentes documentos da Igreja no Brasil. Quando as pessoas se reúnem em torno do Palavra de Deus, da Eucaristia e para resolver os seus problemas juntos, com certeza vai se vivendo um clima de oração, doação, solidariedade, a fé passa a ter um lugar de muita importância na vida das pessoas. Assumir um ministério na comunidade se torna motivo de honra, autoestima e de autorrealização. Mas, além do trabalho com a massa, é preciso dedicar tempo e atenção às pessoas concretas, tanto àquelas que já são lideranças eclesiais, como aquelas que expressam o desejo de conhecer e seguir a Jesus de maneira mais total. Dentre estas pessoas, os adolescentes e jovens precisam de um acompanhamento todo especial, para que façam uma experiência pessoal com Jesus Cristo, que marque profundamente suas vidas, levando-os a se comprometer com Ele, como membro vivo da Igreja. É urgente levar a sério a Iniciação à Vida Cristã, como modelo de Catequese.


Padres maranhenses em missão na Amazônia (Diocese de Xingu-Altamira/Pará). Foto: Arquivo Pessoal

A oração pelas vocações será sempre importante, mas precisamos valorizar aquilo que a Igreja já oferece em relação aos diversos ministérios, e buscarmos avançar tanto na reflexão quanto na prática sobre como cuidar melhor do nosso povo. Que não fiquemos só lamentando o que nos falta, mas busquemos com coragem e ousadia novos caminhos para que nunca faltem santos cuidadores e cuidadoras deste povo.


Dom Sebastião Bandeira Coelho

Bispo Referencial da Pastoral Vocacional Regional NE5

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