Para refletir sobre as Eleições de 2024 para uma consciente atuação como cristãos/ãs engajados/as na verdadeira política, o Regional Nordeste 5 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil inicia nesta sexta-feira (23/08), o Seminário Regional sobre Fé e Política, com o tema “Democracia e Eleições. Reencantar a política: Pela mobilização das urnas e das ruas”.
O Seminário segue até o domingo, 25/08, e contará com assessoria de Irmã Denise Alves, missionária do Sagrado Coração de Jesus, de Teresina (PI), graduada em Economia, Filosofia e Serviço Social.
Nosso portal conversou com Irmã Denise Alves sobre os principais aspectos que os cristãos precisam considerar para exercer a democracia, através do voto e voto consciente.
1. Como devemos viver a democracia no nosso cotidiano?
Não é uma tarefa fácil de definir, pois se formos pegar pelo conceito, a democracia se define como a prática que garante aos cidadãos o poder de participação nas decisões políticas de seu país, no entanto, exercer a cidadania é tecer coletivamente no cotidiano a construção de políticas públicas efetivas para o bem estar das pessoas, o que requer a participação efetiva, onde cada cidadão sinta-se co-responsável e apto a sua opinião sobre o que é fundamental, sem eximir-se da sua responsabilidade, já que muitos tem o hábito de dizer que política é coisa de políticos, quando na verdade é de todos nós.
2. Os cidadãos tem um papel importante nesse processo eleitoral. Mas, como fazer para que estes se sintam responsáveis pelas mudanças para o bem ou para o mal do desenvolvimento da sociedade?
Necessitamos fazer uma caminhada de mudança social que garanta a participação daqueles que estão à margem da sociedade. Para isso, precisamos trabalhar na formação, no encantamento da política e ajudar as pessoas a entenderem que é através da política que se garante o coletivo de educação, saúde, cultura e trabalho. A dificuldade está na compreensão de que a participação política não se resume ao exercício do voto, no dia da eleição, e sim, no cotidiano, nos grêmios estudantis, nos conselhos de direitos, nas associações de moradores, associações de classes e até nos espaços pastorais. Temos a missão de falar de política sem demagogia, sem fanatismo. O Papa Francisco nos deu um grande ensinamento na Fratelli Tutti nº 182 “É caridade se alguém ajuda outra pessoa fornecendo comida, mas o político cria-lhe um emprego, exercendo uma forma sublime de caridade que enobrece a sua ação política”. É muito importante não ficarmos presos àqueles que enganam através de favores e compra de votos, usar do discernimento e da oração recuperando o que a Campanha da Fraternidade já nos pontuou “Somos todos irmãos e irmãs”, trabalhemos pela amizade social.
3. Quais ferramentas podem ser utilizadas para incidência política nas comunidades?
Um bom começo é refletirmos a cultura do ter/poder versus a cultura do bem viver. A partir daí vermos a situação do mundo em que vivemos, político, social, econômico, eclesial, tendo como ferramenta essencial a garantia dos direitos dos mais pobres, dos pequenos. A incidência parte da articulação que detemos com a base, de fomentar políticas para o bem comum. É incidência quando na escola eu discuto o papel da educação; é incidência quando nas pastorais sociais se participa do Grito dos Excluídos; é incidência quando na saúde se participa do conselho; a partir desta consciência e participação passa-se a compor fóruns, conselhos, comitês e até mesmo compor o legislativo. Como ferramenta não há outra se não a participação social e as escolas de fé e política que deveriam existir em todas as dioceses.
Recentemente os bispos da Amazônia estiveram reunidos em Manaus (AM) para o V Encontro da Igreja na Amazônia e divulgaram uma mensagem por ocasião das eleições 2024. Reveja aqui.
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