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Minha experiência na CNBB

Dom José Belisário da Silva

Arcebispo de São Luís do Maranhão



Dom José Belisário, arcebispo de São Luís | Foto: Ribamar Carvalho


Bom franciscano que era, ao menos uma vez por ano, dom Aloísio Lorscheider passava por nossos conventos, tanto no Rio Grande do Sul – onde comecei minha vida como frade menor em 1963 – quanto em Minas Gerais. Trazia-nos sempre informações privilegiadas da vida da Igreja no Brasil e no mundo. Talvez aí tenham nascido minha admiração e simpatia pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, a CNBB, da qual dom Aloísio foi Secretário Geral por oito anos e Presidente, também por oito anos. A partir do ano 2000 quando, como bispo, passei a participar diretamente da Conferência, essa admiração e simpatia se confirmaram e cresceram.


Naquele ano jubilar, da celebração dos quinhentos anos da chegada dos europeus à nova terra que mais tarde se chamaria Brasil, pude participar pela primeira vez da Assembleia Geral da CNBB que, excepcionalmente, se realizou em Porto Seguro, na Bahia. Pude, então, experimentar concretamente que não estava sozinho em minha nova missão. De fato e de direito, eu pertencia – e aqui uso uma linguagem eclesial – a um colégio episcopal.


Pude, então, experimentar concretamente que não estava sozinho em minha nova missão.

Não tardou muito, recebi uma tarefa especial na CNBB – a de participar da Comissão de Textos Litúrgicos. Para mim, esse trabalho significou apenas lucro. O lucro de conviver com pessoas – bispos, padres e leigos – altamente gabaritadas na espiritualidade, na liturgia e na linguagem.


Por duas vezes, em 2010 e em 2018, fui nomeado presidente da comissão encarregada de levar à Assembleia Geral a proposta de um texto para as novas Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil para o quadriênio seguinte. Como característica, estes textos devem ser resultado de uma construção coletiva. Primeiro, é preciso auscultar a conjuntura do momento, tanto interna como externamente à realidade eclesial, e, em segundo lugar, tentar responder às demandas e preocupações do Povo de Deus no Brasil.


Marcante para mim foi o quadriênio de 2011 a 2015. Nestes quatro anos, participei da presidência da CNBB como vice-presidente. Que graça ter convivido mais proximamente com dom Raimundo Damasceno e com dom Leonardo Steiner! Em nossas reuniões, quase mensais, e em nossa visita anual a Roma podíamos vivenciar concretamente que a Igreja, sendo pecadora, também é santa.


Há poucos dias, aos 66 anos, faleceu dom Sérgio Eduardo Castriani, arcebispo emérito de Manaus. Mesmo doente e quase totalmente paralisado pelo Parkinson, dom Sérgio nunca deixou de acompanhar a vida da Igreja no Brasil. Assiduamente, publicava num dos jornais de Manaus, artigos sobre o que ele achava relevante para o momento atual. Num desses artigos, ele manifestou sua perplexidade frente aos ataques, raivosos e agressivos, sofridos ultimamente pela CNBB. Para ele, tratava-se de ataques injustos que revelavam mais ódio do que desejo de correção fraterna e evangélica.

A CNBB, em seus quase setenta anos de atuação, tem sido uma bênção para a Igreja e para vida brasileira.

O artigo de dom Sérgio coincide com minha experiência pessoal. A CNBB, em seus quase setenta anos de atuação, tem sido uma bênção para a Igreja e para vida brasileira.


(Publicado no Jornal do Maranhão em abril de 2021)

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