O dia 7 de setembro é lembrado por ser o dia da independência do Brasil. O grito do Ipiranga de 7 de setembro de 1822 ainda repercute, mas vai além, e convoca o país a ecoar um grito fundamental: “Vida em Primeiro Lugar”. Com este tema, a Igreja, através de suas pastorais sociais, convoca a participar do 27º Grito dos excluídos e das excluídas. E o lema: Na luta por participação popular, saúde, comida, moradia, trabalho e renda, já! Tema e lema juntos convocam para ações em favor da vida.
“É muito importante para todos nós como igreja, como pastorais sociais, como organismo do povo de Deus nos organizarmos para que de fato o grito de tantos irmãos e irmãs ecoado seja ouvido, o grito por justiça, o grito por moradia digna, o grito por trabalho, o grito por saúde, o grito por educação, o grito por uma renda justa para todos e para todas”, afirma dom Valdeci, bispo de Brejo e referencial da Comissão Episcopal Pastoral para o Ecumenismo e Diálogo Inter-religioso.
nos organizarmos para que de fato o grito de tantos irmãos e irmãs ecoado seja ouvido
O Grito dos Excluídos e das Excluídas acontece sempre no dia 7 de setembro para fazer um contraponto ao ‘Grito da Independência’. É um basta a todo tipo de exclusão e ameaça à vida, a todo tipo de preconceito, racismo, violência de gênero e criminalização dos movimentos sociais que lutam pela verdadeira independência que o Brasil ainda não tem.
Padre Raimundo Rocha, da Pastoral Carcerária da Arquidiocese de São Luís, enfatiza a importância deste evento para a Igreja e para a sociedade brasileira. “A vida está ameaçada de vários modos, tanto a vida das pessoas, quanto a do meio ambiente. Nesse tempo de pandemia já ultrapassamos 580 mil mortes por causa do coronavírus. Milhares de famílias sofrem por ter perdido seus entes queridos. Enfrentamos a cultura negacionista e a falta de vontade em resolver as questões da saúde. O desmonte dos direitos sociais avança. Aumentam o desemprego, a fome e a exclusão. O meio ambiente segue sendo destruído e a criação ameaçada. Existe ameaça também para a democracia. Vivemos numa cultura do ódio e com muita disseminação de notícias falsas. Nada disso faz bem. São sinais do descaso pela vida”, disse o padre.
Enfrentamos a cultura negacionista e a falta de vontade em resolver as questões da saúde. O desmonte dos direitos sociais avança. Aumentam o desemprego, a fome e a exclusão.
Este ano, o Grito também será um momento de lembrar das mortes causadas pela pandemia e por tantas outras dificuldades que o povo brasileiro enfrenta a cada dia. “Somos um povo ferido pelas mortes de pessoas queridas, por falta de vagas e medicamentos nos hospitais, ferido pelo desemprego e pela fome crescentes, ferido pela falta de moradia e pelos despejos, ferido pela falta de trabalho e pelos baixos salários, ferido pela falta de renda e pelo aumento do preço dos alimentos. Comunidades indígenas e quilombolas são ameaçadas e feridas em seus territórios. O Grito dos Excluídos e das Excluídas é, portanto, um grito diante dessas feridas e dores de nosso povo e de toda a criação”, citou.
A Igreja não pode ser omissa diante dessa realidade de exclusão e morte. A Igreja diz sim à vida. Vida em Primeiro lugar e toda vida importa. “Por isso, o Grito dos Excluídos e das Excluídas é uma atividade muito importante para a Igreja, que convida todas as comunidades e pastorais a apoiarem e assumirem o 27º Grito dos Excluídos e das Excluídas em nível local. A sociedade organizada, principalmente através dos movimentos sociais e centrais sindicais, também participa das atividades do Grito”, completou padre Raimundo Rocha.
Neste sentido, dom Valdeci convoca toda a Igreja para este dia de mobilização: “Com máscara, com álcool em gel, com distanciamento, dizermos que não estamos satisfeitos, não estamos contentes com toda situação que enfrentamos de negação da dignidade. Por isso queremos dizer juntos vida em primeiro lugar na luta por participação popular, saúde, comida, moradia, trabalho e renda já”.
Origem
O Grito dos Excluídos e das Excluídas é uma atividade da Igreja que surgiu a partir do processo da 2ª Semana Social Brasileira, da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), em 1994, cujo tema era ‘Brasil, alternativas e protagonistas’. O primeiro Grito foi inspirado na Campanha da Fraternidade de 1995, com o lema: ‘A fraternidade e os excluídos’.
Arquidiocese de São Luís
No domingo, dia 5 de setembro, às 18h, vai ser celebrada a missa de abertura da semana dos Excluídos e Excluídas, na paróquia São Daniel Comboni (comunidade Esperança), na Vila Embratel. Na terça-feira, dia 7 de setembro, também na Vila Embratel, acontecerá uma caminhada, ato público e cultural para gritar fora à necropolítica, fora à política de exclusão e de morte. Um ato para gritar sim à Vida, em defesa da Democracia e dos Direitos Sociais.
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