Com informações da CPT-MA
No último final de semana, mais um trabalhador rural foi assassinado no Maranhão. Esta já é a quarta morte em decorrência de conflito no campo registrada no estado, apenas neste ano de 2021. A CPT Regional Maranhão divulga nota de pesar pela morte do trabalhador e cobra do Estado uma resposta ante a escalada de violência no campo maranhense.
Confira na íntegra:
A Comissão Pastoral da Terra - Regional Maranhão presta solidariedade à família do trabalhador rural José Francisco de Sousa Araújo, o Vanu, assassinado no domingo (11), na Comunidade Palmeiral do Norte, município de Codó-MA.
Com indignação, a Comissão Pastoral da Terra levanta sua voz, somada ao choro e lamento dos filhos e da viúva, e denuncia o covarde assassinato do trabalhador rural Vanu. Uma vez mais fica evidente que o estado do Maranhão fecha os olhos para o massacre cotidiano do povo do campo maranhense.
Vanu, trabalhador rural, na companhia de sua esposa e seus quatro filhos, saíram às pressas da comunidade Vergel, município de Codó-MA, em 2019, buscando refúgio, porque já eram sistematicamente ameaçados de morte por causa de conflito por terra.
A matança de trabalhadores rurais é anunciada e denunciada todos os anos no estado do Maranhão, sem que se haja uma resposta que ofereça solução para mudar esta realidade de massacre dos povos e comunidades, pela ação covarde da pistolagem.
A CPT-MA registrou, em 2020, o assustador número de 203 conflitos por terra, no campo maranhense, envolvendo 20.864 famílias (Conflitos no Campo Brasil, 2020, p.138). Neste primeiro semestre de 2021 já ocorreram quatro assassinatos e uma tentativa de homicídio.
Denunciamos a violência no campo que comunidades e territórios tradicionais vêm sofrendo sistematicamente no Maranhão. O aumento da violência no campo é resultado da ação deste estado que anda de braços dados com o agronegócio. A flexibilização das leis ambientais, a concessão de licenças para desmatamento e a modificação da lei de regularização fundiária fortalecem a concentração da terra, a grilagem, o desmatamento, a pulverização de agrotóxicos, o que contribui para o aumento desenfreado da violência e dos conflitos por terra.
Esta realidade de massacre anunciado tem impactado diretamente a vida de comunidades e territórios que estão entregues à atuação de pistoleiros que fazem o serviço sujo, a mando de ambiciosos grileiros, usurpadores de terras públicas - agronegócio.
Exigimos que o estado do Maranhão dê resposta a mais este crime bárbaro!
12 de julho de 2021.
Comissão Pastoral da Terra CPT-MA
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